Amar e sermos amados


Você talvez, assim como eu, já tenha passado por uma tibieza espiritual, uma preguiça espiritual, uma sensação de ausência de Deus (o que é bem diferente de aridez espiritual, mas esta fica pra outro momento). Desta forma espero que este texto o ajude assim como me ajudou durante os dias de retiro (10 a 13 de setembro).

Amare et amari (amar e sermos amados) eis o resumo da vida humana, nos diz o Santo de Hipona. Não se pode amar pela metade, assim também diz santo Agostinho: a medida do amor é amar sem medida.

O grande perigo se encontra quando o nosso amor a Deus cai na tibieza, perdemos a vibração, o fervor, a totalidade do primeiro amor (cf. Ap 2, 1-5). Os retiros, encontros, acampamentos, palestras, formações, tudo isso pode nos dar um ânimo, fazer-nos lembrar nosso primeiro amor, ou para aqueles que nunca o perceberam o dão conta de que de que são amados, mas isso tudo não é o suficiente para manter a vibração em nosso coração, precisamos de uma constância na oração, uma oração que não dependa dos sentidos, sentimentos, mas que simplesmente ame sem medida, assim como os apaixonados vivem constantemente pensando um no outro, nossos pensamentos não deveriam se desviar de Deus.

Assim como a Éfeso o Senhor diz conhecer suas obras e a recriminava por deixar o primeiro amor (cf. Ap 2,1-5), assim também Ele se dirige à igreja de Laodicéia recriminando-a por ser morna (cf. 3,14-22).

A preguiça espiritual vai nos minando aos poucos, nos deixando mornos ao ponto de sermos vomitados, a dificuldade é que não percebemos a "anemia" que toma conta de nossa alma e vai nos consumindo; deixamos tempo marcado para tantas outras coisas e dificilmente dedicamos tempo algum a Deus. Entramos nesse estado de topor aos poucos, ou seja, deixando as pequenas coisas, assim como dito pelo escritor C. S. Lewis: "o caminho para o inferno é gradual" (citação do livro Cartas dos diabo ao seu aprendiz).

Não caminhemos desfiladeiro abaixo, pensemos na atitude evangélica de tudo deixar por amor (Mt 13,44-45), clamemos essa coragem que vem como graça de Deus a nós. Tomemos, pois, consciência de nosso estado, peçamos ao Senhor fervor em nosso coração, que Ele nos auxilie em nossa luta cotidiana e que nunca desanimemos de buscá-lo sempre.

Diácono Jefferson Corrêa

Comentários

  1. Obrigado Diácono Jefferson Corrêa, por essas lindas palavras, posso dizer que infelizmente me encontro neste estado e peço sempre à Deus que me dê ânimo e força para nunca desviar do seu caminho nem do seu Amor, peço que Ele nunca desista de mim, mesmo qdo eu me desviar Ele possa ir me buscar e trazer-me de volta ao seu rebanho, pois meu lugar é o céu.

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    1. Rezemos, a oração deve ser o nosso "combustível", Deus a abençoe.

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