Reflexões sobre o Amor (8)
Amigos... No último domingo percebemos
no Evangelho um “encontro” entre Jesus e um oficial romano (Lc 7, 1–10) e nessa
cena o Amor chega a exprimir a beleza interior daquele coração romano: “Eu vos
declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé” (Lc 7, 9) e nesse sentido
temos que Ele, que vê as profundezas do homem (1 Sm 16, 7; Sl 51, 10; Gn 6, 5),
apresenta-nos um olhar que não envelheceu com o tempo propondo-nos um caminho
que na simplicidade daquele oficial recorda que o Amor dispensou sua graça na
medida em que aquele que O procurava sabiamente permaneceu no seu drama fazendo
da impossibilidade do empregado de tocar as vestes divinas devido a
precariedade em que se encontrava então o coração do oficial torna-se o espaço
que universaliza aquele descaminho que acaba por tornar-se em “seu” aquele drama
do encontro entre o doente e o Médico. A confiança daquele coração romano
professava uma fé na palavra Dele (Lc 7, 7) que ecoa em nossos corações
católicos uma atualidade que o papa emérito uma vez apresentou-nos de forma
impressionante: “a realidade nasce da Palavra, como criatura Verbi, e tudo é chamado a servir a Palavra. A criação é
lugar onde se desenvolve toda a história do amor entre Deus e a sua criatura;
por conseguinte o movente de tudo é a salvação do homem” (Verbum Domini) e aqui
se abre uma perspectiva que ajuda-nos a compreender a preocupação fundamental
do Amor que se entrega naquela situação... Tal entrega é a lógica fundante e
fundamental daquele drama que ao alcançar-nos se apresenta como a lógica que
daqueles corações que se relacionam permitem-nos por fim perceber a vocação
fundamental de todos os nossos corações que desejam encontrar-se com o Amor
para que estejamos “em pé” em meio as nossas imensas dificuldades cotidianas:
“A palavra de Deus suscita a resposta do homem, tornando-se ela própria o amor
que responde e que deixa ao mundo a iniciativa. Círculo indestrutível,
imaginado e realizado só por Deus, que permanece sem cessar acima do mundo e,
por isso mesmo, reside no coração do mundo. No coração se situa o centro; eis
porque o coração divino-humano é objeto de veneração, e a cabeça só quando está
coberta de sangue e de chagas: como revelação do coração” (Só o amor é digno de
fé, Balthasar), assim desejo que a fé de nossos corações em meio as nossas
entregas cotidianas entre em um relacionamento tão fecundo com a Palavra que
caindo o véu que rompe a letra possamos chegar auxiliado pela graça a
percebê-lo como Ele é: o Amor que se entrega por nós encerra-se naquele Coração
transpassado que encontra-nos necessitados de cura (Lc 19, 10). Ótima semana!
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