Reflexões sobre os sentido da vida (1)
por Seminarista Carlos Eduardo
Amigos... Quem assistiu “As
aventuras de Pi” teve a oportunidade de se deparar com a busca
existencial de um jovem que em meio as muitas demandas de sua vida, que partem
desde aquelas ligadas a sua família até o interesse por questões de foro
religiosa, nos permiti perceber que as coisas começam a se assentar quando Pi
começa a sofrer por estar perdido em um barco com um tigre (Richard Parker)
após um naufrágio. Nesse drama carregado de aventura em meio a muitas cenas
belíssimas e algumas limitações no campo religioso ainda nos permiti entrever a
imagem do homem que o tempo todo em meio a seus afazeres e credos lida com a
questão do sentido da vida e no personagem principal do filme chega a exprimir
uma tese que parece um verdadeiro milagre em meio a tantos contrastes por ele
vivenciados: “Sem Richard Parker eu já estaria morto agora. Meu medo dele me
mantém alerta. Atender as necessidades dele me dá um propósito na vida.” Tal se
deve a capacidade de leitura dos fatos que brota sem uma lógica aparentemente
consistente ao ponto de que a relação com o tigre confere á vida do jovem um
propósito, ainda que bastante basilar, mas que é fundamental na sua vida. A
questão vai se aprofundando ao ponto de que num dado momento chega a uma
síntese que é capaz de ler o real em uma chave surpreendente: “Até quando Deus
parecia ter me abandonado Ele estava vigiando. Mesmo quando Ele parecia
indiferente ao meu sofrimento estava vigiando e quando eu perdi toda a
esperança de ser salvo Ele me deu um descanso e então me deu um sinal para
continuar minha jornada.”. A capacidade do personagem em ir além dos dados “beirando
o absurdo” para uma aproximação relacional com Aquele que ele buscava em meio
aos seus dramas nos permitiu novamente compreender de forma simbólica a questão
do homem que também ultrapassa a concretude do real para percebê-lo como um
verdadeiro dom e assim ultrapassa a busca em si para uma busca com o Outro. Tal
processo relacional com Ele se dá numa realidade que propriamente é de comunhão
com os homens dando margem a uma percepção de que em meio aos dramas do
personagem denota-se que ele assegura de forma básica que Deus é positivo em
relação aos sujeitos permitindo-nos uma aproximação intuitiva que ajuda a dar
consistência na ideia de “fé” á partir de Balthasar no Verbum Caro: “A fé não é
o nosso movimento rumo a Deus, mas o movimento de Deus em direção a nós. É o
prolongar-se de céu dentro do nosso mundo terreno”. Evidente que o filme
reserva uma informalidade discursiva que parece dificultar o processo de
encontro com a teologia que estamos em colóquio, mas a questão é que o homem em
jogo e que está simbolizado no personagem em questão, lida, sobretudo, com o
sentido da vida e que mesmo ao perceber o movimento de Deus que cuida de nós,
ainda assim o “sentido de vida” permanece, numa tentativa de que até o último
suspiro de vida tal sentido saia de uma alta capacidade de lida com o infinito
do real para sê-lo a permanência da vida.
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