O
bem da caridade
Dos Sermões de São Leão Magno, papa (Séc.
V)
por Hélio Ferreira da Silva
Diz o Senhor no Evangelho de
João: Nisto todos conhecerão que são meus
discípulos, se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13, 35).
Examine-se a si mesmo cada um
dos fiéis, e procure discernir com sinceridade os mais íntimos sentimentos de
seu coração. Se encontrar na sua consciência algo que seja fruto da caridade,
não duvide que Deus está com ele; mas se esforce por tornar-se cada vez mais
digno de tão grande hospede, perseverando com maior generosidade na prática das
obras de misericórdia.
Se Deus é amor, a caridade não
deve ter fim, porque a grandeza de Deus não tem limites.
Para praticar o bem da
caridade, amados filhos, todo tempo é próprio. Contudo, estes dias da Quaresma,
a isso nos exortam de modo especial. Se desejamos celebrar a Páscoa do Senhor
com o espírito e o corpo santificados, esforcemo-nos o mais possível por
adquirir essa virtude que contem em si todas as outras e cobre a multidão dos
pecados.
A aproximar-se a celebração
deste mistério que ultrapassa todos os outros, o mistério do sangue de Jesus
Cristo que apagou as nossas iniquidades, preparemo-nos em primeiro lugar
mediante o sacrifício espiritual da misericórdia; o que a bondade divina nos
concedeu, demo-lo também nós àqueles que nos ofenderam.
Seja, neste tempo, mais larga a
nossa generosidade para com os pobres e todos os que sofrem, a fim de que
nossos jejuns possam saciar a fome dos indigentes e se multipliquem as vozes
que dão graças a Deus. Nenhuma devoção agrada tanto a Deus como a dedicação
para com os seus pobres, pois nesta solicitude misericordiosa ele reconhece a
imagem de sua própria bondade.
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