SOBRE A CARIDADE CRISTÃ
G. K. Chesterton Tomemos outro caso: a complicada questão da caridade, que alguns idealistas altamente descaridosos parecem julgar muito simples. A caridade é um paradoxo, como a modéstia e a coragem. Mal formulada, a caridade certamente significa uma de duas coisas: perdoar atos imperdoáveis ou amar pessoas não amáveis. Mas se nos perguntarmos (como fizemos no caso do orgulho) o que um pagão sensato sentiria a respeito desse assunto, vamos provavelmente começar da base da questão. Um pagão sensato diria que há algumas pessoas que se podem perdoar; e algumas que não se podem: um escravo que roubasse vinho poderia ser motivo de riso; um escravo que traísse seu benfeitor poderia ser morto e amaldiçoado mesmo depois de morto. Na medida em que o ato era perdoável, o homem era perdoável. Isso, mais uma vez, é racional, e até reconfortante; mas é uma diluição. Não deixa espaço para o puro horror perante uma injustiça, como aquele que é uma grande beleza no inocente. E não deixa espaço para...