Deixar formar-se: a beleza da formação.

Por seminarista Jefferson Corrêa
 
"Eis que, como a argila na mão do oleiro, assim sereis vós na minha mão, ó casa de Israel!" Jr 18,6
 
 
Dirijo este texto a todos os seminaristas que, como eu, se encontram neste precioso tempo de formação. Muitos de nós (seminaristas) quantas vezes somos surpreendidos reclamando, murmurando sobre nossas vidas no seminário. Uma pena. Começo incluindo-me dentre estes e pedindo perdão a Deus por não aproveitar tão bem o tempo que o Senhor me proporciona para formação.
 
Tantas vezes reclamamos, tantas vezes murmuramos; este não passa de um problema de nossa geração: a fuga a qualquer custo de qualquer tipo de sofrimento. Isto nos causa uma falta de amadurecimento. Essa deficiência de nossa geração pode ser constatada não somente na vocação sacerdotal, como também em todas as escolhas feitas. A dor, o sofrimento nos faz crescer, amadurecer. Por isso reclamamos muitas vezes, de nossos formadores, quando decidem algo diferente de nós, reclamamos da vida que temos, quando é diferente do planejado, reclamamos de nossos pais quando nos pede algo diferente ao que esperávamos, reclamamos de nossos patrões quando no serviço nos é exigido algo a mais, os esposos e namorados reclamam quando um cobra ao outro, enfim, seja qual for a vocação que respondemos, reclamamos porque estáticos em nossa soberba e prepotência nos julgamos “conhecedores do bem e do mal”, quando na verdade somos infantis e não suportamos a dor, não somos capazes de dar testemunho de amor, de alguém que se entrega e assume as dores por amor. Em nosso caso, vocacionados ao sacerdócio, só seremos capazes de ajudar aos que sofrem se soubermos superar as nossas próprias dores do dia-a-dia.
 
Lembro-me aqui da passagem do filho pródigo (Lc 15,11-32), onde o filho mais velho num gesto de imaturidade reclama ao pai a forma com que ele acolheu seu irmão, o filho mais novo. No grego há aqui um jogo de palavras com relação a palavra filho, que na nossa tradução não foi colocado; em resumo esta parábola diz respeito a um pai que tendo dois filhos é certo dia interrogado pelo filho mais novo que lhe pede a parte que lhe cabe na herança, recebendo sua parte da herança ele junta as suas coisas e sai pelo mundo, perde tudo e retorna à casa, seu pai o acolhe e o filho mais velho discorda. É claro que a parábola vai além daquilo que escrevi, por isso convido você a não deixar de conferir. Mas como já mencionado, o texto em seu original (grego) faz um jogo de palavras para descrever a palavra filho, onde o filho mais velho é chamado a primeira vez de “presbítero” (πρεσβύτερος) no v. 25, que quer dizer ancião e por isso sabemos que é o filho mais velho, após este não aceitar a acolhida do filho mais novo o pai se dirige a ele chamando-o de “criança” (Τέκνον) no v.31, expondo sua imaturidade. De certa forma há aqui um tipo de correção, mesmo que carregada de afeto paterno, onde o pai sabendo que o filho é o mais velho o mostra a sua imaturidade, sua infantilidade.
 
O tempo de seminário é um tempo que nos proporciona, como já nos disse padre Demétrio, um “crescer para dentro”, como também nos disse Mons. José Maria, um tempo de gerar o sacerdote, o homem de Deus. É dentro do seminário que já começa a ser gerada a fraternidade sacerdotal; um seminário dividido significa um clero dividido e sem comunhão não há testemunho do amor de Deus.
 
Apesar de ninguém ter vocação para ser seminarista, já que é um momento transitório, este é um tempo precioso de crescimento para a vocação a qual somos chamados, daí a expressão “tal seminarista, tal padre”, isto significa que é esse o momento de nos dedicarmos, de amadurecermos, de aprendermos a fidelidade e refletirmos o sacerdote querido segundo o coração de Cristo, servindo, para a salvação do povo de Deus. Caros irmãos seminaristas, não desperdicemos mais ainda nosso tempo de formação.

Comentários

  1. Good essay. You reflected both the seminarian's real self and the seminarian's ideal self. Be able to accept the ideal self is the first necessary step to reach the ideal self. In other words, accepting current inconsistencies seems to be necessary to achieved a sound consistent self-transcendence. Believe what you've written and, more important, live what you've written in a consistent manner.

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